Há já muitos anos que não sinto nenhuma emoção nem ao ouvir música nem ao criá-la, bem como ler e escrever, e isto faz-me sentir terrivelmente culpado. O facto é que não consigo enganar-vos, a nenhum de vós. Simplesmente não é justo para vocês nem para mim. O pior crime que posso imaginar seria enganar as pessoas sendo falso e fingindo que me estou a divertir a 100 por cento. Tentei de tudo possível do que estava nos meus poderes para gostar disto (e eu gosto, Deus, acreditem, eu gosto, mas não o suficiente). Devo ser um daqueles narcisistas, uma daquelas pessoas que goza as coisas somente quando está sozinha. Sou demasiado sensível. Preciso de ficar um pouco dormente para ter de volta o entusiasmo que eu tinha quando criança. Tive um reconhecimento por parte de todas as pessoas que conheci pessoalmente, mas ainda não consigo superar a frustração, a culpa e a empatia que tenho por todos. O bom existe em todos nós e acho que eu simplesmente amo demasiado as pessoas, tanto que chego a sentir-me mal. O triste, sensível, insatisfeito, pequeno homem de Jesus. Porque simplesmente não aproveitas? Eu não sei! (...) Isto aterroriza-me a ponto de eu mal conseguir funcionar. Eu tive muito, muito mesmo, e sou grato por isso, mas desde os meus sete anos de idade passei a ter ódio de todos os humanos em geral... e isto só porque amo demasiado e sinto bastante por todas as pessoas, pelo menos eu acho. Assim, recordem-se que é melhor arder numa só labareda do que enferrujar a pouco e pouco.

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