(...) para todos os objectivos práticos, McCandless estava desligado do resto do mundo. Por dentro andava constantemente revoltado. Incomodavam-no profundamente o que achava serem os defeitos morais das pessoas, a hipocrisia do estilo de vida, a tirania do seu amor condicional. Ao contrário da maior parte, era o tipo de pessoa que insistia em aplicar aquilo em que acreditava. Por isso acabou por se revoltar - e quando o fez, foi com a sua característica falta de moderação. Subtileza, estratégia e tudo o que ia para além do básico de uma determinada técnica eram um desperdício com Chris. A única forma que lhe interessava, na hora de enfrentar um desafio, era seguir direito, imediatamente, aplicando toda a força da sua extraordinária energia. E agora estava finalmente emancipado, aliviado por mais uma vez ter conseguido escapar à ameaça iminente da intimidade humana, amizade, e de toda a confusa carga emocional que as acompanha. Estava livre do mundo sufocante no geral, um mundo de abstracção e segurança e excesso material, um mundo onde se sentia fortemente privado do genuíno latejar da existência. Afastando-se de Atlanta em direcção ao oeste, planeava inventar-se numa vida completamente nova, em que fosse livre de mergulhar em experiências realistas. Como símbolo do total afastamento da sua vida anterior, assumiu até um novo nome. Deixaria de responder pelo nome de Chris McCandless; agora chamava-se Alexander Supertramp, e era dono do seu destino. Agora "estava só", como James Joyce escreveu sobre Stephen Dedalus, o seu artista enquanto jovem. "Estava só e jovem e obstinado e rebelde, só, num deserto de ar agreste e águas salobras e marés de conchas e labirintos e luz do sol pardacenta e velada."
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