- No teu mundo, o valor do indivíduo é constantemente contrabalançado com a sobrevivência dos sistemas, seja ele político, económico, social ou religioso; na verdade, de qualquer sistema. Primeiro é um indivíduo, depois mais alguns e, finalmente, muitos são facilmente sacrificados pelo bem e pela manutenção do sistema. De uma forma ou de outra, é nisso que assentam todas as lutas pelo poder, todos os preconceitos, todas as guerras e todos os abusos de relacionamento. A "ânsia de poder e independência" generalizou-se de tal forma que agora é considerada normal. (...) Esse é o paradigama humano. É como água para os peixes, tão natural que prevalece sem ser vista e questionada. Essa é a matriz; uma trama diabólica em que estamos irremediavelmente presos, ainda que completamente inconscientes da sua existência. (...) Estruturalmente livres para simplesmente "estar" em relacionamento uns com os outros. Se, na verdade, tivessem aprendido a considerar que as preocupações dos outros têm tanto valor como as de cada um, não haveria necessidade de hierarquia. Os seres humanos estão tão perdidos e deteriorados que não conseguem conceber um relacionamento sem hierarquia.
- E como podemos mudar isso? Se abdicarmos do poder e da hierarquia, as pessoas vão simplesmente aproveitar-se de nós.
- Provavelmente sim. Mas não estamos a pedir-te que faças isso com os outros.