- Está vento hoje.
- De que cor é o vento?
- O vento não tem cor.
- Não me mintas! também me disseste que o mar não tinha cor e contaram-me que era azul... ou verde.
- É diferente.
- Se o mar tem cor, porque é que a água que eu bebo não tem? A água que bebo não tem cor, pois não?
- Não..
- Não respondeste à minha pergunta.
- Respondi.
- A uma delas sim.
- Qual era a outra?
- Esquece... nunca me entendes. Como se descreve uma coisa sem cor?
- Diz-se que não tem cor.
- Como?
- Deixa-te de perguntas estranhas que sabes bem que eu não tenho resposta.
- Nas eu gosto...
- De me chatear?
- De conhecer o mundo.
- E precisas de cores para conhecer o mundo?
- Achas que não?
- Totalmente.
- Espero que penses no que te vou dizer: imagina um mundo em que nada tenha cor. Depois quero saber os resultados... se é que viste alguma coisa...
- Porque não haveria de ver?
- Se uma coisa não tem cor, é impossível ter forma. Se não tem forma, perde-se. Se se perde, ninguém a vê. Se não vês, não acreditas que exista.
- Eu acredito que exista.
- Prova-me.
- Acredito que o ar exista...
- Acreditas porque o sentes. Se tapares a boca e o nariz deixas de o sentir. Se inspirares consegues medi-lo no teu peito. Estás a senti-lo, estás a vê-lo.
- Está bem...
- E em Deus?
- O que tem D
eus?
- Acreditas?
- Não sei...
- Não acreditas.
- Diz?
- Não és capaz de dizer que Deus exista, porque não o vês.
- Cala-te... Deus é uma coisa diferente.
- É uma coisa espiritual.
- Sim.
- Então, os sentimentos também são.
- E daí?
- Tu sentes os sentimentos.
- Sim...
- Não adianta falar contigo.
Cada vez odeio mais pessoas terra-a-terra.

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